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Incontinência Urinária de esforço e a relação com a diástase

Saúde

A diástase abdominal é uma condição caracterizada pelo afastamento dos músculos retos do abdômen, causando um abaulamento na região central do mesmo. Além do problema estético, você sabia que a diástase pode estar relacionada à incontinência urinária?  

Neste artigo, exploraremos a possível conexão entre a diástase e o aumento da incidência da incontinência urinária, especificamente a incontinência urinária de esforço. Entender as causas desse fenômeno é fundamental para buscar o tratamento adequado.  

O que é incontinência urinária de esforço? 

incontinência urinária de esforço

A incontinência urinária de esforço é caracterizada pela perda involuntária de urina durante atividades físicas, como tossir, espirrar, rir ou levantar objetos pesados. 

Não existe uma causa única dessa condição, porém existem diferentes fatores de risco como: 

  • Idade avançada 
  • Sobrepeso e obesidade 
  • Histórico de múltiplas gestações 
  • Parto vaginal 
  • Cistite de repetição 
  • Fatores hormonais
     

Apesar da evidência científica não ser totalmente conclusiva, alguns estudos sugerem um aumento significativo na incidência dessa forma de incontinência em mulheres portadoras de diástase dos músculos retos.  

A diástase pode contribuir para a fraqueza da musculatura abdominal e pélvica: 

Em 2007, Spitznagle e colaboradores reportaram que as pacientes não grávidas com diástase, apresentavam uma maior fraqueza da musculatura pélvica, além de maior alteração da função do assoalho pélvico quando comparadas com aquelas sem diástase.  Nesse estudo, as alterações do assoalho pélvico encontradas incluíram: incontinência urinaria de esforço, prolapso de órgãos e incontinência fecal. Os músculos da parede abdominal e os músculos da região lombar e pélvica circundam a cavidade abdominal. 

Ambos grupos musculares são extremadamente importantes na modulação da pressão intra-abdominal durante a tosse, espirros, levantamento de pesos, entre outros. 

Além disso, esses músculos jogam um papel fundamental na função pélvica e na continência fecal e urinária, ajudando a evitar o escapamento de fezes e urina.  Eles trabalham de forma conjunta para fornecer um suporte adequado à bexiga e à uretra.  

Dessa forma, quando os músculos abdominais estão enfraquecidos (p. ex. devido à diástase), a musculatura pélvica pode ser sobrecarregada, resultando em uma maior dificuldade de controlar a urina, principalmente durante o esforço.  

Diástase e altercações da posição da pélvica  

Tanto os músculos da pelve quanto os músculos do abdome participam na estabilização e no controle motor da cavidade pélvica. O afastamento dos músculos retos e o abaulamento abdominal secundário a isso, contribui para a geração de um sistema miofascial subótimo, que falha em conseguir estratégias adequadas de estabilização

postural e de transmissão de cargas nas estruturas do tronco como um todo.  

Além disso, devido à fraqueza da musculatura abdominal e à sobrecarga da coluna lombar, a diástase abdominal também pode levar a uma alteração da posição da pelve, com tendência a inclinação anterior.  

Essas alterações criam uma pressão adicional sobre a bexiga e uretra, principalmente durante atividades que exigem esforço físico ou aumento da pressão abdominal, contribuindo para o desenvolvimento da incontinência urinária de esforço, principalmente nas pacientes no período peri ou pós-menopáusico.  

A diástase também pode causar prolapso de órgãos pélvicos?  

Teoricamente, o enfraquecimento da parede abdominal e pélvica pode levar a uma falta de suporte adequado para os órgãos pélvicos, como a bexiga e o útero. A longo prazo, isso pode causar, por exemplo, o descenso ou até a saída dos mesmos pela vagina.  

Apesar dessa explicação, os estudos sobre a contribuição da diástase nesse processo ainda são contraditórios. Por tanto, com base nas  evidências atuais, a diástase ainda não pode ser considerada como fator de risco para o prolapso desses órgãos.  

O aumento de alterações do assoalho pélvico em pacientes pós-menopáusicas com diástase também pode estar agravado alterações que ocorrem no tecido conjuntivo devido ao envelhecimento, o que torna essas duas condições presentes concomitantemente nessa fase da vida.  Por isso, alguns autores sugerem que a é um problema de saúde do tecido conjuntivo e não está relacionada exclusivamente a fatores obstétricos.  

Como se trata a incontinência urinária relacionada à diástase abdominal? 

Devido a sua causa multifatorial e à sua complexidade, o tratamento da incontinência urinária precisa de uma abordagem multidisciplinar onde participem: urologistas, ginecologistas, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, cirurgiões, etc.  

Um fisioterapeuta especializado em saúde pélvica pode fornecer exercícios específicos para fortalecer a musculatura do assoalho pélvico e reeducar a coordenação muscular. Além disso, em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos e considerar intervenções cirúrgicas para o tratamento da incontinência.  

Embora existam relatos de casos clínicos que relatam a melhora da incontinência após o tratamento da diástase, a primeira abordagem terapêutica não se centra no tratamento nessa condição. 

Conclusão:  

A diástase abdominal pode estar relacionada ao aumento da incidência da incontinência urinária de esforço. A fraqueza da musculatura pélvica e a alteração da posição da pelve são fatores-chave nessa relação.  

Buscar tratamento adequado, com o suporte de profissionais de saúde qualificados, é fundamental para o manejo eficaz dessa condição. Por tanto, se tiver alguma dessas condições, não hesite em buscar ajuda e retomar o controle da sua saúde! 

 

Dr. Jorge Vásquez Del Aguila 

CRM-MG 65607.  

BIBLIOGRAFIA: 

  1. Spitznagle TM, Leong FC, Van Dillen LR. Prevalence of diastasis recti abdominis in a urogynecological patient population. Int Urogynecol J Pelvic Floor Dysfunct. 2007;18(3):321-328. doi: 10.1007/s00192-006-0143-5. 
  2. Lee DG, Lee LJ, McLaughlin L. Stability, continence and breathing: The role of fascia following pregnancy and delivery. J Bodyw Mov Ther. 2008;12(4):333-348. doi: 10.1016/j.jbmt.2008.05.003. 
  3. Baran E, Akbayrak T, Özgül S, et al. Musculoskeletal and anthropometric factors associated with urinary incontinence in pregnancy. Physiother Theory Pract. 2021. doi: 10.1080/09593985.2021.1878568. 
  4. Starzec-Proserpio M, Rejano-Campo M, Szymańska A, et al. The association between postpartum pelvic girdle pain and pelvic floor muscle function, diastasis recti and psychological factors: a matched case-control study. Int J Environ Res Public Health. 2022;19(10):6236. doi: 10.3390/ijerph19106236.
  5. Olsson O, Kiwanuka S, Wilhelmsson G, Sandblom O, Stackelberg O. Cohort study of the effect of surgical repair of symptomatic diastasis recti abdominis on abdominal trunk function and quality of life. BJS Open. 2019. doi: 10.1002/bjs5.50213. 
  6. Harada BS, De Bortolli T, Carnaz L, et al. Diastasis recti abdominis and pelvic floor dysfunction in peri- and postmenopausal women: a cross-sectional study. Physiother Theory Pract. 2020. 

 

 

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