Dr Jorge Vasquez

Diástase abdominal: mais do que uma questão estética

Dúvidas

A diástase abdominal é uma condição comum em que os músculos retos do abdômen se afastam no centro. Embora geralmente se restabeleça após o parto, pode persistir em cerca de 32% a 46% das mulheres. 

Alguns fatores que podem contribuir para a persistência da diástase são: 

  • Idade da mãe 
  • Ter tido múltiplos filhos 
  • Ter realizado cesárea 
  • Ter tido um bebê grande 
  • Gestações múltiplas 

 

Além disso, a diástase também pode ocorrer em homens, mulheres que nunca engravidaram e crianças. A incidência em mulheres que nunca tiveram filhos é semelhante à dos homens, pois ambos são afetados por fatores semelhantes, como envelhecimento, obesidade e fatores constitucionais. 

Embora muitas vezes seja associada a preocupações estéticas, é importante destacar que a diástase tem consequências além da aparência. Neste artigo, exploraremos suas possíveis implicações de forma clara e acessível. 

Entendendo a diástase abdominal  

A diástase abdominal é caracterizada pelo afastamento dos músculos retos do abdômen, resultando em uma separação na linha média. Geralmente ocorre devido a fatores hormonais e ao estiramento excessivo dos tecidos durante a gestação, mas também pode estar associada a outros fatores, como ganho de peso rápido, exercícios físicos intensos e envelhecimento. 

Possíveis consequências relacionadas à diástase dos músculos retos
Alteração estética
Aumento do risco de hérnias
Fraqueza da musculatura abdominal
Sobrecarga na coluna lombar
Alterações posturais
Sobrecarga nos músculos pélvicos
Incontinência urinária
Piora na qualidade de vida

Relação entre diástase e hérnias abdominais 

Uma hérnia da parede abdominal ocorre quando há uma abertura na musculatura que envolve o abdômen. Essa abertura permite que órgãos ou tecidos internos, como gordura ou parte do intestino, se projetem, causando um inchaço visível ou protuberância abdominal. Isso pode causar dor e desconforto, além de complicações graves para a saúde. 

Nas pacientes com diástase, a separação dos músculos retos do abdômen enfraquece a parede abdominal, deixando apenas uma fina camada de tecido na região central. Essa camada fraca é muito mais suscetível ao desenvolvimento de hérnias na linha média em comparação com o tecido normal. Dessa forma, as pacientes com diástase têm maior incidência de hérnias do tipo epigástrica, umbilical e incisional.  

Impacto da diástase na força do “core” 

 O “core” refere-se aos músculos do tronco, incluindo o abdômen, os músculos das costas, os músculos laterais (transverso, oblíquos interno e externo), os músculos do assoalho pélvico e os músculos da região lombar. Um core forte é essencial para manter uma postura adequada, realizar movimentos diários com eficiência e prevenir lesões. Também desempenha um papel fundamental em atividades que exigem força. 

Além do impacto estético, a diástase abdominal pode resultar em fraqueza na parede abdominal. Os músculos retos do abdômen desempenham um papel crucial na estabilização do tronco e no suporte dos órgãos internos. Quando estão separados, a capacidade de fornecer suporte adequado é comprometida, levando a problemas funcionais e dores musculares. 

Diástase e alterações lombares e pélvicas  

Como mencionado anteriormente, os músculos abdominais são essenciais para manter uma postura correta e distribuir as cargas adequadamente. Portanto, a fraqueza resultante da diástase pode sobrecarregar a coluna vertebral, resultando em dor lombar crônica e aumentando o risco de lesões nessa região. 

 

Outra consequência da diástase abdominal são as alterações posturais e pélvicas. A fraqueza dos músculos abdominais pode afetar negativamente a estabilidade da pelve, causando uma inclinação pélvica anterior e um aumento da curvatura lombar. Isso pode levar a problemas como dor pélvica, desequilíbrios musculares e alterações na marcha. 

Relação entre diástase e incontinência urinária 

Uma das associações mais importantes a serem consideradas é a possível relação entre a diástase abdominal e a incontinência urinária. Estudos mostraram que as mulheres peri e pós-menopausa com diástase têm 2,6 vezes mais probabilidade de apresentar disfunção do assoalho pélvico em comparação com mulheres sem diástase.  

A fraqueza na parede abdominal e a pressão aumentada dentro do abdômen parecem contribuir para o enfraquecimento do assoalho pélvico, resultando em problemas como incontinência urinária de esforço. 

Conclusão: 

 A diástase abdominal vai além de uma questão estética, apresentando implicações significativas para a saúde. A fraqueza na parede abdominal, a sobrecarga na coluna lombar, as alterações posturais e pélvicas, bem como a possível relação com a incontinência urinária, destacam a importância de buscar tratamento adequado para essa condição. 

Se você está enfrentando diástase abdominal, consulte um profissional de saúde para receber orientações personalizadas e encontrar a melhor solução para o seu problema.  

Sua saúde e bem-estar merecem atenção especial, então não hesite em procurar ajuda profissional para lidar com a diástase de forma adequada e eficaz. 

Dr. Jorge Vásquez Del Aguila 
CRM- 65607 

Fontes:  

  1. Nervil GG, Paulsen JF, Kalstrup J, Deigaard S, Herbst I, Lambaa S, Hölmich L. Simple plication alleviates physical symptoms in patients with post-gestational rectus diastasis. Hernia. 2023 Jun 24. doi: 10.1007/s10029-023-02814-y. Epub ahead of print. PMID: 37354279. 
  2. Harada BS, De Bortolli T, Carnaz L, De Conti MHS, Hijaz A, Driusso P, Marini G. Diastasis recti abdominis and pelvic floor dysfunction in peri- and postmenopausal women: a cross-sectional study. Physiother Theory Pract. 2020;36(7):1910-1920. doi: 10.1080/09593985.2019.1709792. PMID: 31900070. 
  3. Video: https://www.youtube.com/watch?v=RKjRTtoHZHQ 

 

 

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