Cirurgia para o Tratamento do Câncer do Aparelho Digestivo
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O aparelho digestivo é um conjunto de órgãos responsáveis por processar e absorver os nutrientes dos alimentos que ingerimos. Esse aparelho tem início na boca, onde ocorre a mastigação e a salivação, e se estende até o ânus, onde os resíduos sólidos são eliminados.
Os órgãos que compõem o sistema digestivo incluem a boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus, além de outros órgãos acessórios, como o fígado e o pâncreas, que produzem sucos digestivos que auxiliam na digestão dos alimentos.
O Câncer do Aparelho Digestivo é comum?
O câncer do aparelho digestivo é um dos tipos mais comuns de câncer em todo o mundo, com incidência crescente a cada ano. Por exemplo, no Brasil, o câncer é o terceiro tipo mais frequente, excluindo os cânceres de pele não melanoma. O câncer de estômago ocupa a quinta posição, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA 2023).
Nas regiões de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda ou terceira posição, enquanto nas regiões de menor IDH, o câncer de estômago é o segundo mais frequente entre a população masculina.
O câncer de fígado é um dos 10 mais incidentes na região Norte. Ele está relacionado a infecções hepáticas e doenças hepáticas crônicas. Por outro lado, o câncer de pâncreas está entre os 10 mais incidentes na região Sul. A obesidade e o tabagismo são seus principais fatores de risco.
Qual a Importância da Cirurgia do Aparelho Digestivo no Tratamento do Câncer?
A cirurgia é uma das principais opções de tratamento para o câncer do aparelho digestivo. Em tumores em estágios iniciais, a cirurgia pode oferecer uma opção com potencial curativo. Em casos mais avançados, ela pode ser associada a outros tratamentos oncológicos, como quimioterapia, imunoterapia e radioterapia.
Quais são os objetivos de uma cirurgia para o câncer do aparelho digestivo?
De forma geral, a cirurgia de câncer do aparelho digestivo pode ser realizada com dois objetivos:
- Intenção curativa: busca um tratamento definitivo do câncer, removendo o tumor e suas possíveis vias de disseminação, como os linfonodos.
- Intenção paliativa: tem como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes que não têm possibilidade de cura.
Do que depende o tipo de tratamento a ser realizado?
O tipo de tratamento do câncer do aparelho digestivo depende de vários fatores, sendo os principais:
- Localização do tumor (órgão afetado).
- Tipo específico do tumor e seu grau de agressividade.
- Extensão da invasão local, por exemplo, se o tumor está aderido a outros órgãos.
- Presença ou ausência de metástases em linfonodos regionais ou em outras partes do corpo.
- Estado clínico do paciente, incluindo a presença de sintomas, comorbidades
A cirurgia para o tratamento do câncer do aparelho digestivo é muito agressiva?
Nas últimas décadas, o avanço da medicina permitiu um melhor conhecimento da biologia do câncer. Isso possibilitou terapias cada vez mais personalizadas e procedimentos mais eficazes e menos agressivos.
Nessa mesma linha, o desenvolvimento tecnológico nas áreas cirúrgicas trouxe grandes vantagens para a qualidade e segurança dos procedimentos. Por exemplo, os grandes cortes do passado foram substituídos por pequenos orifícios pelos quais uma câmera (e os demais instrumentos) são inseridos para realizar as cirurgias, como a cirurgia laparoscópica e robótica.
Tudo isso permite que o paciente se recupere cada vez mais rápido, tenha menos dor pós-operatória e menor risco de infecção e sangramento.
Quais são os procedimentos cirúrgicos oncológicos mais frequentemente realizados?
- Cirurgia de Câncer de Pâncreas:
- Duodenopancreatectomia cefálica (cirurgia de Whipple): técnica utilizada para remover tumores na cabeça do pâncreas ou no duodeno. Nessa cirurgia, é removida parte do pâncreas, o duodeno, a vesícula biliar e parte do intestino delgado.
- Pancreatectomia corpo-caudal: usada para tratar tumores na parte esquerda do pâncreas (corpo e cauda). Pode ser realizada juntamente com a remoção do baço ou com preservação do mesmo, dependendo do tipo e das características do tumor.
- Cirurgia de câncer da vesícula biliar e das vias biliares: esse tipo de cirurgia é realizada nos casos de tumores em estágios iniciais ou que não tenham se espalhado para outras partes do corpo. A técnica utilizada depende da localização do tumor, mas geralmente envolve a remoção da vesícula biliar, parte do fígado e do ducto biliar comum (colédoco).
- Cirurgia de câncer de estômago: esse tipo de procedimento pode ser realizado de duas maneiras: gastrectomia total, onde todo o estômago é removido, ou gastrectomia parcial, onde apenas parte do estômago é removida. O tipo de cirurgia depende da localização do tumor e da extensão da doença.
- Cirurgia de câncer de esôfago: a cirurgia é uma das principais opções de tratamento para o câncer de esôfago. A técnica mais comum é a esofagectomia, na qual o cirurgião remove parte do esôfago e uma porção do estômago. A cirurgia pode ser realizada por meio de incisão abdominal ou torácica ou por meio de cirurgia laparoscópica e robótica.
- Cirurgia do câncer de intestino: a técnica mais comum consiste na remoção do segmento do intestino afetado pela doença (colectomia), juntamente com os gânglios próximos a ele.
Quais cuidados devem ser tomados antes da cirurgia?
O preparo pré-operatório é importante para garantir que o paciente chegue à cirurgia nas melhores condições possíveis. Os principais cuidados antes de uma cirurgia são os seguintes:
- Consulta pré-operatória abrangente: Desde o diagnóstico do câncer até o momento da intervenção cirúrgica, é comum passar por várias consultas. Nessas consultas, o histórico médico é revisado e todos os passos do processo são explicados.
- Alimentação balanceada, rica em nutrientes (principalmente proteínas) e baixa em açúcar e alimentos ultraprocessados. Em casos de desnutrição, às vezes é necessário usar suplementos alimentares especiais.
- Evitar o consumo excessivo de álcool.
- Parar de fumar pelo menos duas semanas antes da cirurgia: Isso diminui as complicações respiratórias, como pneumonia.
- Suporte emocional: Não subestime o impacto emocional de uma cirurgia! É comum sentir ansiedade ou medo antes de um procedimento. Certifique-se de compartilhar seus sentimentos com seus entes queridos e converse com seu médico sobre qualquer preocupação que você possa ter. Em alguns casos, pode ser útil buscar apoio emocional adicional, como o de um psicólogo.
Quais são os cuidados tomados durante a cirurgia?
Todo o processo clínico-cirúrgico busca garantir a segurança do paciente. Entre as principais medidas implementadas, estão:
- Uso de listas de verificação: Uma lista de verificação cirúrgica é uma ferramenta importante utilizada antes, durante e após uma cirurgia para garantir a segurança do paciente e reduzir o risco de erros ou complicações. Ela é composta por uma série de itens que devem ser revisados e verificados pela equipe médica, incluindo cirurgiões, anestesiologistas, enfermeiros e outros profissionais de saúde envolvidos no procedimento cirúrgico.
- Uso de meias compressivas ou pneumáticas para prevenção de trombose venosa profunda.
- Uso de aquecedores para prevenir a hipotermia do paciente.
- Uso de instrumentos coaguladores (eletrocautério, tesoura coaguladora, etc.) que diminuem o risco de sangramento durante o procedimento.
- Exames de sangue seriados durante o procedimento para avaliar os valores de hemoglobina, glicose, etc.
E após a cirurgia, quais medidas são tomadas?
A visita médica no pós-operatório tem como principal objetivo monitorar e avaliar a recuperação do paciente após a cirurgia. Ela desempenha um papel crucial na garantia do sucesso do procedimento cirúrgico e na prevenção de complicações.
A visita médica pós-operatória é realizada pelo cirurgião e pela equipe médica responsável pelo cuidado do paciente e geralmente ocorre em um intervalo de tempo determinado, conforme indicado pelo tipo de cirurgia e pelo estado de saúde do paciente.
A seguir, estão alguns dos objetivos da visita médica no pós-operatório:
- Avaliar a cicatrização e o processo de recuperação.
- Monitorar os sinais vitais e o estado geral do paciente.
- Gerenciar a dor e a medicação: Durante a visita, o médico discutirá o nível de dor e desconforto do paciente e fará os ajustes necessários na medicação para controlar a dor de forma adequada.
- Orientar sobre cuidados pós-operatórios: O médico fornecerá instruções detalhadas sobre os cuidados a serem seguidos no pós-operatório, incluindo a troca de curativos, higiene adequada, restrições de atividade física e alimentação adequada. Ele esclarecerá quaisquer dúvidas ou preocupações que o paciente possa ter, visando promover uma recuperação segura e eficaz.
- Identificar e tratar complicações precocemente: Durante a visita pós-operatória, o médico estará atento a quaisquer sinais de complicações precoces, como infecções, sangramento excessivo, problemas respiratórios ou reações adversas a medicamentos. Identificar e tratar essas complicações precocemente é fundamental para evitar consequências graves e melhorar os resultados da cirurgia.
- Avaliar o progresso em relação aos objetivos do tratamento: O médico revisará os objetivos do tratamento cirúrgico estabelecidos anteriormente e avaliará o progresso do paciente em relação a esses objetivos. Ele poderá solicitar exames adicionais ou encaminhar o paciente para outros especialistas, se necessário, a fim de garantir uma recuperação adequada e satisfatória.
Depois da cirurgia do câncer do aparelho digestivo, o cirurgião deixa de acompanhar o paciente?
Não! Após a cirurgia do câncer do aparelho digestivo, é comum que haja visitas de acompanhamento com o cirurgião para avaliar a cicatrização, monitorar a recuperação e verificar se não há complicações. Essas visitas podem ocorrer em intervalos regulares, como uma semana, duas semanas, um mês, três meses, etc., dependendo do caso. Durante essas consultas, o cirurgião poderá realizar exames físicos, solicitar exames laboratoriais ou de imagem e fazer ajustes no tratamento, se necessário.
Além disso, durante as visitas de acompanhamento, o cirurgião pode fornecer orientações adicionais sobre cuidados pós-operatórios, discutir os resultados do procedimento e responder a quaisquer perguntas ou preocupações que o paciente possa ter.
Em alguns casos, após o período inicial de acompanhamento pelo cirurgião, o cuidado pós-operatório pode ser transferido para outro profissional (por exemplo, oncologista). No entanto, é importante destacar que o cirurgião permanece disponível para consultas e apoio, especialmente em casos de complicações ou problemas relacionados à cirurgia.
Por isso, é fundamental seguir todas as instruções e comparecer a todas as consultas de acompanhamento programadas, pois elas desempenham um papel importante na recuperação adequada e no monitoramento da saúde após a cirurgia. A continuidade do acompanhamento médico contribui para um cuidado completo e abrangente ao paciente durante todo o processo de recuperação.
Lembre-se!
Com o tratamento adequado, muitos pacientes são capazes de vencer o câncer e ter uma boa qualidade de vida!