Pedras na vesícula: tudo o que precisa saber!
10 de maio de 2023
Você foi diagnosticado de pedras na vesícula? Tem dor abdominal e suspeita delas? Vai realizar uma cirurgia e quer entender um pouco mais sobre a doença? Esse artigo vai lhe esclarecer todo o que você precisa saber sobre essa condição!
O que são os cálculos biliares?
Os cálculos biliares são formações similares a pedras, que se desenvolvem na vesícula biliar ou nos ductos biliares (canais que levam a bile produzida no fígado até o intestino).
Os cálculos biliares podem ter diferentes tamanhos, cores e formas. Podem ser microscópicos, ter aspecto de areia ou lama. Em alguns casos, inclusive, chegam a ser tão grandes quanto um ovo.
O que causa pedras na vesícula?
Os cálculos biliares são feitos de substâncias que o próprio corpo produz, principalmente:
- Colesterol: Tipo de substância gordurosa encontrado em todo o corpo.
- Pigmentos biliares: A bilirrubina é um pigmento que está dentro dos glóbulos vermelhos do sangue. Quando estes são destruídos (devido ao envelhecimento normal dos mesmos ou por alguma doença) essa substância é liberada e metabolizada no fígado. A partir daí, é eliminada ao intestino através da bile.
O excesso de colesterol na bile, por exemplo, após um emagrecimento importante, pode causar a formação de cálculos de colesterol (o tipo mais comum). A sua cor tende a ser mais amarelada. Mas cuidado: isso não tem uma relação direta com o nível de colesterol no sangue!
Da mesma forma, algumas doenças do sangue podem cursar com destruição dos glóbulos vermelhos, liberando bilirrubina. O aumento de bilirrubina na bile pode propiciar a formação de cálculos. Nesse caso, a cor geralmente é preto ou marrão escuro.
Outras condições como vesícula biliar preguiçosa e alteração do esvaziamento da bile também podem causar cálculos. Na gravidez, por exemplo, devido a fatores hormonais, o esvaziamento da vesícula é mais lento, propiciando-se a formação de cálculos.
Quais são os principais fatores de risco para ter pedras na vesícula?
- Sexo feminino
- Gravidez
- História familiar
- Perda de peso importante
- Cirurgia bariátrica
- Uso de anticoncepcionais orais
- Sedentarismo
- Terapia de reposição hormonal para sintomas menopáusicos.
- Dieta rica em gorduras
- Maiores de 60 anos de idade
- Uso de medicamentos para baixar o colesterol do sangue
- Obesidade
- Diabetes tipo 2
Pedra na vesícula é perigoso? O tamanho da pedra é um problema?
Sim, as pedras na vesícula podem gerar vários problemas médicos! Mas, ao contrário do que a maioria acredita, as pedras pequenas costumam ser as mais perigosas!
Os cálculos pequenos podem sair da vesícula biliar e ficar presos nos ductos biliares. A obstrução desses canais pode causar icterícia (o famoso “amarelão” da pele e olhos), dor abdominal, fezes esbranquiçadas ou urina cor de coca-cola. Além disso, o cálculo pode infectar, tornado-se uma verdadeira emergência cirúrgica.
Outra das complicações mais sérias é a inflamação do pâncreas: a pancreatite. Essa condição acontece quando uma pedra desce através dos ductos biliares e chega até o canal de drenagem do pâncreas, entupindo-o. Dessa forma, o suco pancreático, rico em enzimas e sustâncias que digerem os alimentos, fica preso dentro do órgão e começa a digeri-lo.
Os cálculos grandes também podem dar problemas?
Infelizmente, sim. A pesar de que os cálculos grandes tendem a permanecer dentro da vesícula, eles podem causar sintomas como cólicas e digestão “pesada”, especialmente ao ingerir alimentos gordurosos. Além disso, da mesma forma que as pedras pequenas, tem risco de infecção (colecistite) ou inclusive de criar uma fístula (uma comunicação anormal entre o intestino e a vesícula).
Apesar de tudo o anterior, é importante saber que muitas pessoas que têm cálculos biliares nunca apresentarão sintomas ou complicações (e inclusive, podem nunca chegar a saber que estão ali!).
Como sei se a dor que estou sentindo é causada por cálculos biliares?
Como dito anteriormente, a maioria dos cálculos biliares não causa nenhum sintoma. Quando sintomáticos, a queixa mais frequente é a presença de dor.
Geralmente a dor se localiza na boca do estômago ou do lado superior direito do abdome. Às vezes, pode-se irradiar ao ombro direito ou ao peito, sendo confundido com um enfarto.
Essa dor pode ter diferentes intensidades. Algumas vezes pode ser só um incômodo e outras pode ser uma dor lancinante, que se acompanha de palidez, sudorese, náuseas e vômitos (cólica biliar). Inclusive, já tive alguns pacientes que chegaram a desmaiar pela intensidade da dor. Essas crises podem ser únicas ou repetitivas. Além disso, podem durar desde alguns minutos até várias horas.
As pedras podem se desenvolver em algum outro órgão?
Os cálculos biliares são mais comumente formados e encontrados na vesícula biliar. Mais raramente, podem-se desenvolver nos condutos da bile de dentro ou de fora do fígado.
Existe alguma relação com as pedras do rim?
Não, as pedras no rim tem outras causas e outra composição. Por tanto, não existe nenhuma relação entre elas e os cálculos biliares.
Quais são as complicações das pedras na vesícula?
- Cólica biliar: dor intensa.
- Colecistite aguda: infecção da vesícula biliar
- Coledocolitíase: obstrução dos canais que levam a bile do fígado ao intestino.
- Colangite: infecção dos canais da bile por uma pedra que os obstrui.
- Pancreatite: inflamação do pâncreas
- Fístula biliar e obstrução do intestino por um cálculo gigante: condição conhecida como íleo biliar.
- Câncer de vesícula biliar: A presença de cálculos é um fator de risco para câncer de vesícula.
Realizei um ultrassom e achou pedras na vesícula. Devo fazer cirurgia?
Não existe uma resposta geral a essa pergunta. Cada caso deve ser individualizado e estudado com base nas condições clínica de cada paciente. Além disso, os fatores como o número de cálculos, o tamanho, a presença de sintomas, etc.; devem ser avaliados por um cirurgião devidamente habilitado e certificado.
Comentário final:
Sei que o tema é complexo e pode gerar muitas dúvidas. Por isso, fique à vontade de deixar sua pergunta e tentarei responder o mais rápido possível. Se preferir, marque uma consulta clicando na imagem a seguir.
REFERÊNCIAS:
- Torres OJM, Caldas LR de A, Azevedo RP de, Palácio RL, Rodrigues ML dos S, Lopes JAC. Colelitíase e câncer de vesícula biliar. Rev Col Bras Cir. 2002;29(2):88-91. doi:10.1590/s0100-69912002000200006
- Gallstones: Treatment, Definition, Risk Factors & Symptoms. https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/7313-gallstones.
- Gallstones: Treatments, symptoms, and causes. https://www.medicalnewstoday.com/articles/153981.
- Grünhage F, Acalovschi M, Tirziu S, et al. Increased gallstone risk in humans conferred by common variant of hepatic ATP-binding cassette transporter for cholesterol. Hepatology. 2007;46(3):793-801. doi:10.1002/hep.21847
Dr. Jorge Vásquez Del Aguila
Cirurgião Geral e Cirurgião do Aparelho Digestivo.
CRM65607 | RQE 35264 | RQE 38167
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